terça-feira, 7 de junho de 2011

Minha foto

Minha foto é trecho de rio e não é só janeiro é ano inteiro! Trecho de rio turbulento, borbulhante e viscoso. É que nele as águas são escuras. Quero que quem as olhe olhe a si mesmo. Quero reflexo e gargalhada. Nada de ver o fundo. Um rio onde a sujeira esquecida passa. E passa rápido. O rio não tem cheiro nem sabor, portanto, não tente adivinhar quem ele é. Sua forma é fluida e mutável. É um rio oprimido pela moldura. Um rio esquecido, alheio, sem piedade e faminto de vida assim como a natureza. Minha foto é trecho de rio!


Rafael Alvarenga

sábado, 4 de junho de 2011









A imagem esquecida


Quando valoramos nossos esquecimentos como ruins, indesejados, automaticamente inferiorizamos uma ação. Estar atento, lembrar sempre; isso é superiorizado. Para Nietzsche, o esquecimento representa uma força. Há importância na ação/ato de esquecer. Poderíamos - conseguiríamos? - lembrar de tudo?Esquecer não é inferior a lembrar. É tão importante quanto! Na fotografia, a imagem esquecida, além da moldura da objetiva, é tão importante quanto nosso recorte. A imagem esquecida! Quanta beleza! Nos pretendemos aqui, ir atrás da imagem esquecida, desvalorizada, inferiorizada, menor. Pois não é menor em si mesma, é menor para os olhos corriqueiros e grandes!

Rafael Alvarenga