Reencontro
Quanto tempo já faz. Lembro-me de segurá-la na mão.
Não posso esquecer também do dia quando juntos saímos a lhe procurar um lugar.
Claro, ela vinha crescendo. E nosso caso, em algum momento havia mesmo de terminar.
Não foi fácil para mim. Eu era impávido. Contudo, por sorte, naquele dia
choveu. E as lágrimas que me amoleciam esconderam-se entre os pingos do céu.
Depois, naturalmente, ela ganhou corpo. Chamou a
atenção de passantes e cantantes. Sabia que alguns se aninhavam em seus braços
firmes. Ao vento ela esvoaçava-se. Mas eu evitava passar próximo a seu perfume.
Não sei o que me viria à cabeça caso encontrasse alguém trepado nela. Ou
desrespeitosamente urinando a seus olhos.
Nunca lhe esquecera. Por isso, em virtude de minhas
contas, sabia de suas épocas. E pelo tempo margeava-lhe a maturescência. E eu
que mesmo apaixonado como sempre fora, nunca tivera a oportunidade de vê-la nua
em flor. Paixão de menino talvez. Entretanto eu já era homem.
Resolvi procurá-la. Ela não mudara de endereço. Meu
coração batia forte. Fiz o caminho mais longo. Talvez a fim de cansar-me a mim
mesmo.
Quando cheguei ela estava só. Linda. Rechonchuda de
frutos vermelhos. E de braços abertos como se me reconhecesse. Minha
aceroleira! Quanto tempo desde o dia em que lhe plantei!
Rafael Alvarenga
Resende, 17 de outubro de 2012
Minha surpresa era só por causa da "urina" e "alguém trepado nela"... mas resolvi esquecer estes pequenos detalhes... e já estava com uma linda música ao fundo, talvez "eu voltei... de Roberto Carlos", já entrevia beijos saudosos e abraços... de amor criança... de menino e menina...kkkkkk
ResponderExcluirE adoreiii... Parabéns!
Passei para conhecer e me encantei.
Tenha um lindo domingo,
Abraços,
Johanna.